Sensibilidade + Amor = MULHER

Sensibilidade + Amor = Mulher
Esse mês comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Comemorações, festas, homenagens, mas será que isso representa o que se passa dentro de cada mulher? Minha experiência no consultório diz que não! São mulheres bonitas, inteligentes, algumas realizadas profissionalmente, mas no íntimo, infelizes, insatisfeitas, decepcionadas, machucadas, tristes, doentes emocionalmente, mas todas em busca da essência que há em todas: força, coragem, garra, luta e, principalmente, a sensibilidade e a capacidade de doar amor, apesar de nem todas terem essa consciência, ainda!

Por outro lado, temos os homens e, infelizmente, há ainda muitos contaminados pela educação machista, de que não devem chorar, demonstrar seus sentimentos e, assim, negam cada vez mais o que sentem e com medo, inconsciente claro, fogem. Fogem da entrega, do amor. E com isso, homens e mulheres, perdem. Perdem a oportunidade de crescerem e, mais ainda, de amarem e serem amados. Questiono o porquê de tantos desencontros, tristezas e lágrimas. E percebo que as emoções sempre são as origens dos conflitos, das brigas, da infelicidade. É mais do que certo que realização profissional e conquistas materiais não são suficientes para fazer alguém feliz. A emoção sobrepõe-se a todas as outras conquistas. Ainda buscamos uma relação saudável, um companheiro para dividir cada momento da vida, alguém para trocar acima de tudo, amor.

Algumas mulheres podem dizer que isso não acontece com elas, são realizadas, tiveram, ou não, seus filhos, um bom emprego, ou negócio próprio, mas será que são felizes em sua relação afetiva? São correspondidas em seu amor? Estão satisfeitas com a maneira que estão conduzindo suas vidas? Devemos lembrar que muitas vezes a imagem de alguém independente, livre, pode ser apenas superficial para proteger um lado emocional fragilizado e machucado. Muitas mulheres se contentam com o conforto material que seus companheiros oferecem, mas porque talvez saibam que eles são incapazes de dar o amor que, na verdade, desejam.

Quantas mulheres desejam o divórcio, mas não têm coragem de pedi-lo? Quantas são as que amam e não se sentem amadas? Quantas se sentem sozinhas mesmo acompanhadas? Quantas estão sós e buscam alguém que as amem? Ou ainda, mulheres dode casa, que abriram mão de sua própria vida para cuidar da casa, dos filhos, dos pais, marido e não são sequer reconhecidas? Quantas não buscam uma atividade profissional por se sentirem incapazes? Parece que somos capazes de cuidar de tudo, mas neste tudo, parece que esquecemos muitas vezes, de cuidar de nós mesmas. Por que fugir do desafio de cuidar de si mesma? Sim, cuidar de si mesma para muitas é um verdadeiro desafio.

Na verdade, o que explica muitos dos conflitos e que reflete diretamente nos relacionamentos, é a busca de simplesmente querer ser cuidada, protegida, ainda que inconscientemente. Alguém pode dizer: eu não! Você sim! Qual o erro em querer um relacionamento baseado no companheirismo, amizade, cumplicidade, troca e acima de tudo, baseado no amor? Qual o erro em querer alguém que se preocupe com você tanto quanto você se preocupa? Que lhe dê atenção, carinho, afeto? Quem não gosta de poder contar com um abraço, um colo, depois de um dia difícil? Não há mal nenhum nisso, seja homem ou mulher. O que precisamos é sermos coerentes com aquilo que sentimos e demonstramos, do contrário viveremos em conflito, não só com o outro, mas com nós mesmas.

O que leva a verdadeira independência não é só ser capaz de se manter financeiramente, mas principalmente, ser capaz de enfrentar os medos, os desejos, de ser consciente do que sente e acreditar que é possível encontrar alguém que valorize tudo aquilo que você doa sem que seja pedido. Alguém que saiba reconhecer que além de um corpo ou rosto bonito, existe um ser humano com sentimentos, que chora, reclama, pede, espera, mas também acolhe, cuida, torce, e deseja acima de tudo, troca. Afinal, somos capazes de parar seja o que for e lembrarmos de dar um telefonema só para que o outro se sinta importante. Somos capazes de mesmo cansadas, lembrar de dar um abraço e perguntar como foi o dia, mesmo que o próprio tenha sido péssimo. É, somos capazes acima de tudo, de amarmos e continuarmos amando, mesmo machucadas.

Por isso e muito mais, é que temos que continuar demonstrando o que sentimos, sem negações, fugas ou culpas. Temos que valorizar cada vez mais o quanto somos únicas e especiais, para que assim, mesmo não sendo reconhecidas por quem amamos, nós mesmas conseguiremos nos aprovar e reconhecer nosso valor! Quando acreditarmos em nós mesmas, não permitiremos mais sonhos vazios, relações doentes, falta de respeito e amor, nem mendigaremos migalhas, pois neste momento seremos capazes de nós amarmos e estaremos finalmente livres para amar, ser amada e enfim, sermos felizes, com quem realmente nos valoriza! Um dia, quem sabe você se libertará da necessidade que alguém perceba e valorize a simplicidade de seus desejos, o dom inato de doar e amar incondicionalmente. Tenha certeza, nosso ser é único! E parabéns pelo nosso dia!



Texto de Rosemeire Zago(psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática).

Algumas breves reflexões sobre o feminino

Mulher
O feminino em essência é nutridor

Nutre, a mulher, com seu leite ao seu filho, a si mesma e à vida com sua intuição, com seus gestos, com sua capacidade de ouvir e de receber em si o outro, com sua fala que aquece e envolve. A nutrição é um ato de amor. Quando assim nutrimos a vida (filhos, carreira, companheiros de existência, e a nós mesmas) ela revivifica, ganha novo significado e se robustece. A competitividade exagerada que empregamos no trabalho e no cotidiano dificulta estarmos em paz com esse atributo que irá requerer de nós disponibilidade para ouvir, para ser receptivo ao outro, para dar de nós nutrição afetiva.
 



Ser feminina
Requer de nós estarmos em paz e aceitando os aspectos tipicamente femininos do nosso corpo, cuidando bem dele, com alimentação adequada, exercícios físicos apropriados, higienização necessária e levando em consideração os períodos do ciclo hormonal, que às vezes requerem de nós pequenas mudanças nos hábitos. E estar em paz com nosso corpo nos ajuda a desenvolvermos uma sensualidade e uma sexualidade mais vibrante e saudável. O corpo feminino que a mídia adora e que é vendido como perfeito, ou é anoréxico (ou quase), sem formas femininas naturalmente arredondadas, ou é turbinado com silicone - peitos, coxas, nádegas, bochechas, lábios, para ficar mais, muito mais arredondado e farto a fim de vender mais revistas, novelas, pornografia, produtos e negócios.
As mulheres que ficam fora desse padrão conseguido à base de cirurgia plástica ou com uma alimentação a base de muita água e alface, muitas vezes, passam a detestar o corpo que carregam, negando-o ou castigando-o com cirurgias desnecessárias, tratamentos estéticos caríssimos, com dietas sem propósito, ou com malhação exagerada.
O tipo de vida que a mulher do ocidente leva faz com que ela vez ou outra sinta que a menstruação a atrapalha. Existem também mulheres que chegam a se sentir doentes quando menstruadas. É também comum encontrar uma mulher que odeie menstruar, ou que sofra de TPM, desenvolva endometriose, tenha dificuldades para engravidar. Muitas retardam ao máximo a gravidez, privilegiando a carreira; a sociedade atual inclusive prega que isso é o melhor para nós. Será?

O ciclo menstrual, as marés, os ciclos lunares, as estações do ano, os ciclos de vida (gestar, nascer, crescer, amadurecer, morrer, renascer) estão todos de certa forma intrinsecamente relacionados ao feminino. Faz parte assim do sagrado da vida na Terra. Menstruar é nossa dádiva (porque é associado ao dom de criar e recriar a vida).
A mídia também vende uma outra imagem de mulher que tentamos copiar a qualquer preço, ainda que seja à base de antidepressivos, pois ela é forte, feliz, trabalha fora, tem sucesso, faz carreira, tem dinheiro, é jovem, tem filhos pequenos sadios e felizes, marido ou namorado satisfeitíssimo, amigas igualmente bem sucedidas, família, casa bonita e florida, tudo lindo, equilibrado e perfeito... (ainda que fora dos padrões da realidade viável).
Digo não viável porque não se consegue colocar o mesmo empenho necessário em coisas que nos puxam para lados opostos, como fazer carreira bem sucedida e criar filhos pequenos, de forma que cresçam saudáveis emocional, física, mental e espiritualmente. Algo não será bem resolvido, seja a carreira ou os filhos.
A mulher que hoje assume tanta responsabilidade vive cansada, às vezes mal-humorada, outras vezes sente que a vida exige demais dela, quando não é ela mesma quem se exige muito. Fica ressentida.
É essa mulher que se deprime, que sofre de ansiedade, de estresse.
Descobrir que não somos perfeitas e que precisamos de ajuda ou de abrir mão de algum encargo, digo encargo e não dever, poderá começar a nos ajudar.
 



Ser feminina
É ser intuitiva e usar essa intuição na vida comum.
Apesar de este atributo ser muito badalado, vejo que de uma forma geral usamos menos a intuição do que deveríamos, desabituadas que estamos a ela.
A intuição não é “achismo” (eu acho que), nem é julgamento ou preconceito. A intuição é uma percepção muito real e completa, não requer análise criteriosa do assunto, é um saber. Ela deve ser trabalhada, observada, para podermos usá-la com confiança em parceria com nossa capacidade de raciocinar, passando a ser benção na vida de cada um.
 



Ser feminina
E ser acolhedora. Hoje milhares de crianças pequeninas são educadas por atendentes de creches, professores, babás, enfermeiras ou empregadas domésticas (tanto faz a classe econômica). A pior parte fica para a classe mais pobre, pois, aí as crianças se criam sozinhas. Faltam-nos tempo e disponibilidade para acolher nossos filhos com a quantidade e qualidade que precisam e merecem.
Repassamos nosso dom para funcionários pagos para “ocupar” nosso espaço, já que “temos que“ ocupar outros lugares na vida.
Acolher é receber o outro e o envolver, pode ser através dos abraços e afagos, mas também da atitude de ouvir e de enxergar verdadeiramente o outro, sem pressa, entregue ao deleite do momento, pode ser também através da fala amorosa que aquece e enternece, fazendo com que o outro se sinta vivo e importante.
 



Ser feminina
É ser por natureza criativa. Criatividade que pode ser direcionada para criar filhos; criar beleza na vida; para pintar quadros; escrever poesia; costurar; bordar; conceber prédios, escrever livros, trabalhos sociais; encontrar a cura para doenças; inventar comidas deliciosas; cultivar jardins.
Através de nossa criatividade podemos acolher nossa alma e aos que estão ao nosso redor de uma forma mais bela e menos tediosa.

Feminino e masculino, atributos complementares da alma humana, um não é melhor ou pior que o outro, ambos são importantes para nosso pleno desenvolvimento como individualidades e como humanidade. Negar um atributo para robustecer outro tem sido a escolha nossa como coletividade, ao longo de séculos, mas pela gravidade das mazelas que afligem hoje a humanidade, podemos perceber a necessidade premente do resgate do feminino, primeiramente através da figura arquetípica da mãe, e por meio dela, de todas as demais. As gerações futuras agradecerão.



Texto de Thais Accioly

A nova mulher e suas ferramentas em busca da plenitude

A nova mulher e suas ferramentas em busca da plenitude!
Infelizmente, feridas por regras patriarcais, muitas mulheres saíram do extremo da submissão em busca de seu real valor, mas se perderam. Assim, morrendo de medo de se sentirem novamente amarradas pelas rédeas do passado, insistem em renegar sua alma acolhedora, sua beleza encantadora, seu coração fértil, receptivo...

Neste momento, desejo enaltecer esse doce coração, provocar - no bom sentido - o desabrochar completo desta alma legitimamente sensível, terna, plena!

Que possamos, especialmente hoje e a partir de agora, baixar as armas, as defesas e as desconfianças... e simplesmente ser mulher – com todos os predicados que esse lugar nos cabe! Porém, não com um comportamento maquiado, afiado, dolorosamente sociabilizado. Proponho um comportamento autêntico, com direito à sua notável delicadeza, à doçura que tantas vezes é substituída pelo espírito de competição e comparação equivocada com os homens.

Que deixemos, enfim, de lutar por uma igualdade genuinamente impossível, que mais nos desvalorizaria do que enobreceria. Que passemos a assumir nossas maravilhosas e caras diferenças e atuemos decididamente a partir de nossa feminilidade essencial, preciosa, sublime. E que façamos isso, sobretudo, no exercício de conduzir as nossas relações, seja no âmbito profissional ou pessoal.

Desejo que nós, mulheres, recuperemos nossa capacidade de sedução e envolvimento – no sentido mais amplo dessas expressões – sem, contudo, termos de agir como os homens. Não somos homens. Não somos melhores nem piores. Somos mulheres, somos o feminino divinamente complementar do masculino e vice-versa.

Não precisamos de igualdade, apenas de nossa singularidade. Portanto, sugiro que sejamos firmes, justas e produtivas, mas sem nunca renegarmos nossa natureza criadora e criativa. E com certeiros atos, que possamos, de fato, conquistar o mundo.

Porém, não falo de uma conquista cujo adversário se chama homem! Não precisamos de adversários, mas de companheiros, aliados, protetores e amigos. Quando proponho que nos comportemos femininamente, estou sugerindo o exercício da lucidez feminina, da capacidade que temos de conciliar e compreender, de um gesto que perdoa, um abraço que envolve, de uma conduta que nutre e floresce o que está ao seu redor...

Sei que muitas mulheres são subjugadas e até desvalorizadas em seu ambiente de trabalho e até mesmo em suas relações afetivas; sei que muitas delas não encontram espaço para sua expressão máxima e contundente. Por isso mesmo, hoje especialmente, quero defender a urgência do deixar-ser e levantar a bandeira em nome do SER MULHER!

Que todos nós possamos reconhecer o feminino que há em cada um, o feminino Gaia, o feminino que gera e dá à luz tudo o que é vivo... para que o mundo seja salvo da agressividade, do abandono e da carência profunda de afeto que vem sofrendo!

A gentileza é feminina!
Rosana Braga é autora do livro O PODER DA GENTILEZA. 

Aceitando a Mulher em mim


Primeiro aceitar o ritmo próprio, as vezes difícil de entender, especial, cíclico, de mudanças periódicas, de inícios e de finais que a obrigam a se refazer e se transformar muitas vezes. A mulher é um Ser da Natureza e junto com ela sua vida corre, escoa e desliza muito perto da essência das coisas.

Isso teria que nos ensinar que as circunstâncias externas podem ser naturalmente levadas em conta, mas as circunstâncias internas precisam também ser constantemente reconsideradas. Ser mulher começa na profunda valorização do seu corpo: muitas mulheres vivenciam o corpo como se fosse uma casa que da qual perderam a chave, algo que não é delas. Falam do funcionamento físico como um sistema que não está dentro delas...

Ainda hoje a mulher se deixa levar pelos padrões da mídia, comparando qualidades físicas, atendo-se com desespero a padrões da moda. Isso acaba por negar ou reprimir o que ela deveria mais apreciar em si mesma, o que ela própria é!

Identificar num conceito consumista seus supostos "defeitos" pessoais, é ficar presa a eles, e criar uma situação tão negativa, que parece não haver solução... Há pesquisas que indicam que ler algumas revistas ditas femininas aumentam e muito o nível de depressão das mulheres e "achata" sua auto-estima.

A sociedade valoriza o externo, o conceito abstrato: é o médico milagroso que emagrece e não a consciência de querer emagrecer; é a maquiagem que embeleza e não a expressão do olhar...

A verdadeira identidade da mulher não está no documento do RG, mas sim na consciência da sua Unicidade, Continuidade e Mesmicidade: sentimentos que partem da necessidade de se reconhecer no Espaço (com a integração do corpo), de se relacionar com o Tempo (se mantendo única mesmo com todas as experiências passadas), e de ser reconhecida pelos outros, aumentando suas relações interpessoais com constantes experimentações, transformando o mundo ao seu redor, configurando e re-definindo a si mesma, sempre.

Tentar recuperar o respeito, a dignidade e a civilidade do contato humano que andam parecendo tão raros é o que melhor expressa a identidade profunda do Feminino, e essa é a tarefa mais digna das mulheres nesse início de século.


Sonia Blota Belotti 

Sobre a alma feminina e ser mulher


O que significa ser uma mulher hoje em dia? A resposta varia muito conforme a idade desta mulher, mas há uma característica que exigimos de todas – que sejam independentes. A resposta para a pergunta não parece ser muito difícil se não colocarmos tal palavra. A pergunta passa a ser: O que significa, hoje em dia, ser uma mulher – acima de tudo – independente?

Há alguns anos, talvez ainda na primeira metade do século passado, nós não tínhamos muitas opções. Ser mulher significava, na maioria dos casos, ser casada, cuidar de um lar e dos filhos, ter cuidado especial com o marido e, aos poucos, com os mais velhos da família. Depois da revolução da pílula, do voto feminino, e de mais alguns hippies e revoluções no caminho, uma mulher precisa ser mais do que isso. O que precisamos ser? O que significa ser independente?

Queimamos nossos sutiãs, escolhemos não ter filhos, saímos dos casamentos assim como entramos, rasgamos os vestidos de noiva, pegamos no batente, acordamos cedo para trabalharmos fora de casa, moramos sozinhas. Tudo isso é independência? Não precisamos nos casar virgens, não precisamos nos casar. Não precisamos tolerar maridos rabugentos, não precisamos de maridos. Não passamos mais a noite toda acordada por causa das crianças, não precisamos de crianças. Vamos votar todos os anos pares, apitamos jogos de futebol (temos times femininos de futebol, ainda que ninguém os leve a sério). Bebemos cerveja, batemos massa de cimento, falamos sobre sexo, viajamos para qualquer lugar do mundo sem nos preocupar com satisfações. Tudo isso é independência?

Volta-se à questão: o que significa ser mulher? Ser mulher significa tudo isso ou o contrário disso? O que somos e para quem?

A alma feminina é delicada. Todas as mulheres são delicadas – as que vestem rosa e as que vestem preto, as com rímel nos olhos e as sem, as que cruzam as pernas ao se sentarem e as que dão gargalhadas altas. A alma feminina é delicada porque torna tudo muito cuidadoso. As mulheres, queiram ou não, têm o poder do cuidado. Antes não tínhamos muitas opções, cuidávamos da casa e de tudo que estivesse dentro. Hoje temos a opções de cuidarmos de nós mesmas.

A alma feminina é leve. Onde quer que estejam, mulheres gostam de leveza. Não a leveza das coisas materiais, mas das situações que vivem. Estejam elas em uma casa escura, com objetos estranhos, o que as tornam felizes é a leveza do que vivem neste ambiente. Ser uma mulher feliz é estar leve, é viver leve, como uma folha que, lentamente, cai de uma árvore alta. Somos esta folha caindo.

A alma feminina é aberta, como um livro que se deixa ao lado para continuarmos lendo dali a poucos minutos. Cada uma tem sua maneira de ser, mas a espontaneidade faz parte desta abertura. Ser espontânea é manter nossa alma aberta. Estamos sempre abertas para sermos atenciosas com os outros, para falar sobre tudo o que soubermos, para rirmos da vida. Cada vez mais, estamos abertas para nós mesmas.

A alma feminina tem força. Enfrentamos as dores de maneira diferente da dos homens. É como se, por mais que doa, passássemos por cima daquilo que nos machuque. Nos deixamos calejar. Engolimos seco. Com toda nossa delicadeza, de leve, sentamos e choramos por aquilo que nos faz sofrer. Mas há algo que nos faz levantar, de maneira mais delicada ainda, e nos faz continuar.

Entretanto, nos dias atuais, muitas mulheres precisam negar todas essas características que nos tornam especiais – e que fazem com que os homens nos olhem com tanto carinho. Não percebem que a independência que declaram (os sutiãs, as pílulas, o não-casamento, etc.) é o que as fazem sentar sozinhas em algum lugar perdido, sem entenderem o que acontece. Choram, mas negam o motivo pelo qual choram. Tornam-se pesadas porque têm medo de serem delicadas e não serem mais respeitadas. Tornam-se fechadas e deixam de ser espontâneas para que as pessoas acreditem no que fala. E aí passam a ser fracas.

Não é o fato de não termos mais que nos casar, termos filhos, votarmos ou outras muitas coisas que nos tornam independentes. O que nos torna mulheres independentes é a maneira como podemos fazer nossas escolhas. Podemos nos casar, sim, podemos ter filhos, cuidar de outras pessoas, usar sutiã e não tomar pílulas. Ainda sim seremos mulheres independentes, porque o que nos diferencia é a maneira com que fazemos tudo isso. É isso: temos o poder da escolha e, ainda melhor, de fazermos tudo isso do modo mais feminino possível. Isso não é maravilhoso? Por que precisamos nos negar de maneira tão cruel? Se antes eram os maridos e os pais que nos maltratavam, hoje somos nós mesmas ao negarmos aquilo que nos é característico.



Texto de Sofia Amorim

Ser Mulher


Ser mulher é muito difícil, mas não é impossível. Se fosse, não existiriam tantas mulheres maravilhosas transitando e mudando o mundo para melhor. Claro que existem aquelas incompetentes, interesseiras, ignorantes, insignificantes e tantos outros defeitos comecem ou não com a letra “i”, mas essas “i” qualquer coisa, a gente ignora com todos os “iii”.

Vamos falar de mulheres que sabem ser mulher, e isso inclui ser bela e faceira, por uma vida inteira, vivendo cada fase, adaptando-se ao tempo que, fatalmente, a deixará com rugas, que ela verá como sinais de experiência, com os seios meio caídos que, para ela será a recompensa por tantas vezes ter dado o peito em alimento a um filho ou como 
Ser mulher2abrigo a um amigo que chorava, então, se com o tempo, seus seios ficarem meio flácidos, não será um motivo de tristeza, mas sim de alegria, por tanto amparo que causaram. O tempo também e, certamente, a deixará com a barriguinha saliente, que ela verá que, acima de uma barriga, ela é um ventre que gera vida, que recebe o sêmen, que já é a semente mas, se caísse em qualquer outro lugar, morreria sem nada gerar e, se gera, é por que um ventre o recebe, une a um óvulo e ainda serve de moradia a esse ser que começa a crescer...

Mas ser mulher é muito mais do que isso – é saber cozinhar, mesmo queimando o dedo, é saber guardar segredo e enfrentar tudo sem medo. Ser nobre de alma, saber perdoar sempre, sem medo de ser chamada de boba, na verdade bobo é quem acha que uma mulher tem que ser dura com os errantes, pisotear os amantes e posar de “top”. Tem que ser guerreira sim, mas no dia-a-dia, criar poesia, lutar por um mundo mais justo, aprender a levar susto sem surtar. Assumir que não é bonita 24 horas por dia, tem fases em que incha, outras em que pechincha, tem a cara de noite mal dormida, a cara de mal agradecida, cara de oferecida e, além de muitas outras, ainda tem a cara de noite bem vivida...

Ser mulher é vestir-se de forma ousada ou recatada, depende de onde é esperada. É ser forte e resistente, driblar qualquer dor, do parto, da rejeição no quarto, de ser trocada pela “melhor amiga”, de menstruar todos os meses, mas ainda quando esse sangue desce cedo demais, ali pelos oito anos de idade em que a vontade é correr alegremente, mas a dor no ventre é tanta que desiste-se da brincadeira sem saber direito por que, entre tantas meninas no mundo, tinha logo que ser com ela. Mesmo assim, não tem choradeira, por que sabe que a dor é passageira, logo cessará e a brincadeira irá reiniciar-se, até que no próximo mês em que irá menstruar e...

Ser mulher é ser mãe, pode ser de filhos legítimos ou adotivos, ou até daqueles que vão se chegando, com cara de carente, vão ficando e, quando se percebe, na nossa casa já estão morando. Mas também é ser mãe de gatos, cachorros e tantos outros animais sejam adquiridos em caros pet shops sejam recolhidos das “pet ruas” que é onde mais se acham esses seres que tantas alegrias nos dão. 
Ser mulher3
Ser mulher é ser feia e bonita, é ver-se pelo avesso, olhar-se no espelho da alma, saber perder a calma e encontrá-la em seguida, é pedir desculpas, é saber errar e se perdoar... É saber que a Ciência já comprovou que a mulher foi o primeiro ser, neste planeta, a ter vida biológica, o que, aliás, tem lógica, já que a mulher gera o ser em seu ventre. Contrariando os princípios de tantas crenças e religiões que pregam a superioridade masculina e seu surgimento antes da mulher, mas neste ponto resta uma dúvida, se a mulher foi o primeiro ser, quem a fecundou?...

Mas, antes de sugerirmos mais um dilema, já há tantos no Universo, termino essa prosa em verso, dizendo que ser mulher é tudo isso e muito mais. Ser mulher é partir desse meu texto e se completar. Ser mulher é, acima de tudo, saber ser um grande ser...



TextO: Dra. Lou de Olivier