Semeadura Promissora

É bastante comum professores reclamarem das dificuldades em sala de aula, com crianças e jovens mal-educados e agressivos. Alguns chegam a se tomar de tristeza, admitindo que, por mais invistam nos alunos, eles parecem permanecer exatamente do mesmo tamanho.
Talvez fosse esse também o pensamento daquela cansada professora. Dava graças a Deus por estar aposentada. Com a perna esquerda a lhe doer, de forma quase constante, problemas com pressão arterial e tonteiras, pensava:
"- Não tenho mais energia para ensinar, hoje em dia."
Dirigindo-se para a fila do caixa do supermercado, ela não pôde deixar de olhar para o casal à sua frente. A mulher estava grávida e quatro crianças a rodeavam. O que chamou a atenção da professora foi a tatuagem no pescoço do rapaz. Ele esteve preso, pensou.
Observando-o um tanto mais, viu as calças largas, a camiseta branca e o cabelo raspado. Deve fazer parte de uma gangue, disse para si mesma.
Então, ele se voltou para ela. Sorriu e insistiu para que ela passasse à frente.
- Não, disse a professora. Vocês estão com crianças.
- Devemos respeitar os mais velhos, defendeu-se o homem.
E fez um gesto largo, indicando o caminho para ela.
Um sorriso meio desajeitado chegou aos lábios dela. Era bom encontrar um cavalheiro, afinal. E dizer que pensara tão mal dele. Julgara-o pela aparência. Intrigada, virou-se para ele, enquanto os itens de sua compra eram registrados pela atendente e perguntou:
- Diga-me uma coisa, rapaz: quem lhe ensinou boas maneiras?
O rapaz abriu um sorriso, olhou-a nos olhos e afirmou:
- Foi a senhora, na terceira série.
A toda semeadura existe uma colheita.
Quem semeia vento, colhe tempestades, diz o ditado popular.
E Jesus, enaltecendo a semeadura, narra a Parábola do Semeador que saiu a semear.
Isso nos diz que importante se faz a semeadura. A semeadura dos bons exemplos, do bom ensino. Mesmo quando se possa pensar que a semente caiu sobre pedregulhos, ou terreno inculto, existe esperança. Porque, às vezes, é equivocada a nossa observação. Quando as crianças parecem estar alheias a todo ensino, ainda assim absorvem as sementes. Logo mais ou em tempo distante, rebentarão em grãos e frutos. Por isso, não nos cansemos de semear, de falar o bem, ensinar o correto. Mais que tudo, exemplifiquemos sempre. Porque, em síntese, todos somos educadores, mesmo sem atentarmos para isso.
A nossa delicadeza agradecendo ao atendente no comércio, a gentileza cedendo o lugar ao outro, o sorriso e um pedido de desculpas por esbarrão involuntário, tudo está sendo visto por alguém. E servirá de exemplo. Exemplo que contagia.
Assim, em qualquer lugar, ensinemos sempre.
Aos nossos filhos, aos nossos alunos, aos colegas de repartição, aos amigos.
Em meio à pressa de que o Mundo parece estar pleno, pare para ajudar alguém. Ceda sua vez no trânsito, espere com paciência, não aumente o rol dos reclamantes e resmungões. Seja você o que semeia tranqüilidade em meio à confusão. O que emita uma palavra de serenidade, quando os outros se apresentam inquietos.
Onde quer que vá, espalhe as suas sementes de paz, de delicadeza, de gentileza. Muito antes que você possa imaginar, perceberá no campo verdejante da sua comunidade, as flores aparecerem e os frutos se apresentarem.

Acredite nisso!

Momento Espírita


Atraímos para nós aquilo que mais tentamos evitar


Estamos nessa vida para aprender, continuamente, e são raras as vezes que saímos do círculo vicioso dos acontecimentos, ou seja, todas as situações, todas as experiências por que passamos formam um abismo entre o que queremos, o que esperamos que aconteça e aquilo que verdadeiramente se manisfesta na nossa vida. O meio externo só reflete para nós aquilo que não queremos. Passamos a maior parte do nosso tempo nesse dilema, correndo atrás da felicidade, mas a realidade é uma só: esse mundo não pode fazer ninguém feliz. E por quê?

Gastamos muito tempo resistindo àquilo que não queremos que aconteça ou que se repita e acabamos atraindo justamente o que mais tentamos evitar. Isso acontece porque não encaramos as situações como elas se apresentam no momento, assumindo responsabilidade por elas. Não agimos e pensamos com calma, coerência, refletindo e perguntando, ao nosso coração, as respostas. Ficamos na negação e culpando as pessoas ou o meio externo pelos nossos fracassos.

Em uma das passagens bíblicas, Pedro perguntou a Jesus: "Qual é o pecado do mundo, aquele pelo qual se deve morrer?"

Jesus respondeu: "O pecado não existe; sois vós que o criam quando, assim como no adultério, sois infiéis à vossa verdadeira natureza e agis conforme o hábito de vossa natureza corrupta. Por isso o dom da luz Crística foi colocado em vós e, por essa razão Eu vim para vosso meio para restituir cada alma à sua verdadeira origem".

Aqui, na matéria, somos infiéis à nossa própria natureza porque não percebemos que existe um ponto de equilíbrio sagrado entre as realidades física e espiritual da consciência. A ajuda que devemos pedir é que sejamos auxiliados a descobrir esse ponto de equilíbrio sutil que habita o coração e esse poder é gerado por duas forças complementares: a luz e a escuridão.

Elas criam toda a perfeição. Se continuarmos ignorantes com relação a essas duas forças atuantes em todos, iremos fracassar em manter o equilíbrio em nossos relacionamentos, criando desarmonia, deixando que todas as dores e angústias vividas pelo espírito se revelem no momento presente.

Corrompemos a divindade existente em nós (as duas forças) na maioria das vezes para agradar aos outros, para sermos aceitos, ou mesmo para evitar situações de sofrimento que não queremos mais. Olhamos para o outro da mesma maneira, criando expectativas, esquecendo que dentro dele, assim como em nós, existe luz e escuridão, provavelmente, também desequilibradas.

Todo ser humano que conseguir agir pautado na verdade que todos têm seu ponto de equilíbrio, que, independentemente das diferenças individuais, possuem um ponto de união comum a todos, sairá da expectativa de que alguém o faça feliz. Perceberá que todos podem ser felizes, se quiserem, agora.

Não estamos aqui para fazer coisas, ter idéias e, sim, para nos livrarmos delas. Libertarmo-nos de crenças e padrões equivocados sobre nós mesmos e sobre os outros. E ninguém poderá fazer isso em nosso lugar. Um dia aceitamos essas idéias e crenças e agora somos nós que temos que nos livrar delas.

Só podemos ser felizes agora. Se nos preocuparmos em sermos felizes amanhã, ou ficarmos chorando a infelicidade de ontem, esqueceremos de ser felizes agora. Isso é adquirir o domínio da mente e alcançar esse ponto de equilíbrio. E não espere ser valorizado por isso aqui nessa sociedade, pois todo aquele que alcança esse feito, que passa a ser fiel à sua natureza, torna-se um verdadeiro mestre. Nesse ponto esse ser jamais irá procurar posições de poder, nunca irá oferecer aos outros técnicas milagrosas de cura, e nem lhe dirá o que deve ou não fazer. Ele procurará uma situação de anonimato e, simplesmente, irá encorajá-lo a assumir total responsabilidade pelo que lhe acontece. Irá auxiliá-lo a assumir seu Cristo interior para ser feliz no AGORA, no momento presente.

VERA GODOY