Uma escada para o Amor

Seria possível imaginarmos uma escada do amor? E se viver é aprender a amar, não seria precisamente aprender a subir e a descer essa escada de modo a saborear, de cada degrau, a altura e o panorama que ele nos oferece em relação à realidade?

O amor é também um arco-íris que não pode ser reduzido a uma só de suas cores. Cada degrau desta escada, à semelhança de cada cor do arco-íris, é uma experiência particular e insubstituível do Um inumerável do amor.

Em vez da existência de relacionamentos bem-sucedidos ou ruins, há sim evoluções imobilizadas em um degrau dessa escada. Confinar-se em uma cor é reduzir o amor aos limites de nossa pequena ou “muito grande” experiência.

Esta escada não é uma escala de valor. Quem ousaria dizer que determinada declaração “eu te amo” tenha mais valor do que uma outra? Aquela de quem está no topo é, sem dúvida, mais livre, enquanto as declarações de quem se encontra nos primeiros degraus são mais dependentes e, portanto, mais dolorosas: mas quem poderá avaliar a “qualidade” de um amor? Quem pretenderá apresentar-se como sua medida?

Esta escala não é um termômetro: não serve para medir o calor, nem a incandescência, tampouco a qualidade de nossos relacionamentos amorosos. Simplesmente, faz-nos lembrar a variedade infinita de experiências a que se pode atribuir o qualificativo “amor”. Trata-se de um convite, igualmente, para “afinarmos nossos violinos”, nossas maneiras de amar, além de respeitar as escolhas do outro. Estamos, ao mesmo tempo, em todos os degraus.

Haveria tanto a dizer e a escrever sobre cada um desses degraus da escada do amor. Em relação à maioria deles já foram escritos muitos textos, mas raramente têm sido tratados de forma articulada.

De modo que o homem não separe o que, mediante as tentativas incessantes da vida e do Amor, deve permanecer unido: a matéria e o espírito, o homem e a mulher, a terra e o céu, o homem e Deus, a paixão e a compaixão, o finito e o infinito...

(Por Catherine Bensaid e Jean-Yves Leloup)

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