Arrisque!

Quantas vezes você já deu uma resposta automática a um convite levando em conta experiências anteriores das quais se lembrava?
E quantas vezes deixou de fazer coisas só porque já classificou aquilo entre as coisas que não são boas... e que você não gosta?

Já notaram como escolhemos as coisas pelas experiências que passamos e nos esquecemos de um pequeno detalhe que faz toda a diferença. Nada se repete exatamente da mesma maneira nem uma única vez... Mudamos nós... mudam as pessoas... mudam as energias de cada dia... e muda a combinação de todos esses fatores...
O tempo flui ininterruptamente trazendo a cada dia energias únicas, e que combinadas com nossos momentos podem fazer com que a mesma experiência que foi ruim em um dia seja boa no outro e vice-versa.

Por que será que insistimos tanto em repetir o “bom” e em repelir o “ruim” e nunca... ou quase nunca nos lembramos que o que foi bom ou ruim foi a combinação do nosso estado de ser com aquele determinado dia, com determinada configuração de fatos e de pessoas que fizeram aquelas experiências inesquecíveis ou... dignas de serem completamente apagadas...
Tentar repetir situações e evitar outras nos faz perder a maior parte do presente da vida.

Com a nossa mania de querer garantias quase nunca nos permitimos experimentar o novo que vem em cada dia... e muito menos dar uma chance a nossa intuição... ao caminho do coração.
Em vez disso... a qualquer convite do dia já respondemos automaticamente levando em conta nosso infindável arquivo de experiências passadas que, consciente ou inconscientemente, continuam filtrando as nossas escolhas.

Às vezes fico pensando que a cada dia deveríamos arriscar dar um salto no desconhecido...
Abandonar tudo que sabemos que gostamos ou não... e experimentarmos coisas como se as tivéssemos conhecendo pela primeira vez... sem o crivo da razão e, tendo como guia o coração... seguir caminhos que sejam indicados, mesmo que isso represente fazer coisas que nunca imaginamos poderíamos fazer.

Na realidade, sempre vivemos tudo pela primeira vez se levarmos em conta toda a combinação de energias únicas de cada momento... mas a nossa disposição de acreditar que aquilo é uma repetição... que foi boa ou ruim... nos faz perder essa oportunidade mágica... dia após dia... ano após ano... E assim a vida corre plena de possibilidades que passam por nossos olhos... filtradas por óculos de velhas experiências e crenças que não nos deixam enxergar o fluir do novo...

Uma gama enorme de possibilidades está ao nosso alcance e nos nem percebemos...

Já pensou entrar em um novo dia... e, quando chegar a hora de escolher o que vai fazer, você se esquecesse do que gosta e do que não gosta e se deixasse guiar pela intuição... Experimentar olhar com olhos diferentes para tudo, se abrindo para os sinais do Universo...
Trocar o caminho já tão percorrido... que nossas memórias guardam, por caminhos abertos por uma pessoa nova... que tem coragem de seguir o coração e ir com Ele até o fim...

O Universo se comunica com a gente o tempo todo... nós é que às vezes damos pouco espaço para ouvir o que Ele está nos falando... porque já temos todas as respostas prontas no subconsciente.

Quem nunca se surpreendeu ao ir a um lugar que não queria, porque sabia que não gostava e, meio forçado teve que ir e acabou gostando muito?

Eu já... assim como também já repeti muitas coisas só porque gostei muito... e não consegui mais encontrar aquele sabor que me fez colocar aquelas coisas entre as que gosto.

Será que conseguiríamos viver sem essas intermináveis listas do que gostamos ou não e teríamos coragem de dar uma chance para estar desprevenidos diante de um novo dia... Desprevenidos mesmo... como se tivéssemos uma amnésia passageira e pudéssemos usar, como bússola para nos guiar, somente a nossa intuição.
Talvez o novo que tanto esperamos já esteja aí e nós não o experimentamos porque estamos presos ainda a toda essa carga que nos faz escolher as coisas pelo passado...

A chave está em nossas mãos... o novo está diante de nós... por que não arriscar?


Texto de Rubia A. Dantés

Uma pausa para pensarmos um pouco sobre o amor...


A questão amorosa preocupa mais à maioria do que os aspectos essencialmente relacionados com o sexo. Não creio que isso seja justo, pois o sexo ainda é um grande problema a ser mais bem resolvido pelas gerações que estão aí e também pelas que virão.

Aconteceu um fato recente que me fez escrever este pequeno texto sobre o amor. Fui convidado para fazer uma pergunta para Rosa Montero (escritora espanhola que foi entrevistada pelo programa Roda Viva da TV Cultura em 10/4). Perguntei se ela achava razoável pensarmos na existência de um fator antiamor, um fator interno que torna tão difícil e incomum a realização das histórias de paixão, tema de um dos seus trabalhos mais recentes.

A resposta dela foi de tal forma surpreendente que me fez reconsiderar alguns aspectos relacionados com o que já escrevi sobre o assunto: ela desviou-se totalmente do assunto e parece não ter entendido minimamente o que eu estava falando (havia tradução simultânea para o espanhol)! Compreendi o quanto a maior parte das pessoas, mesmo as mais esclarecidas, ainda é carente de informações a respeito do tema. Ela dizia que a paixão é um vício, algo que só pode durar uns 2 anos; este é o discurso oficial, nada criativo. Dizia também que depois de superada a paixão, as relações ganhavam aquele aspecto cotidiano um tanto monótono e repetitivo. Ela disse que ela mesma havia se apaixonado várias vezes e que as histórias sempre terminavam assim: quando se sai da fantasia para a realidade, o tédio e a monotonia acabam por predominar.

Em síntese, ela disse que ou vivemos o amor como drogados ou então o vivenciamos como um tédio. Nada pode ser mais tradicional, conservador e depressivo do que estas considerações extraordinariamente reacionárias. Dão a impressão de que não há saída e salvação para a questão do amor, a não ser pelo esforço enorme de aceitar e respeitar as diferenças que são inerentes ao fato de que o amor real implica em indivíduos específicos. Não fala sobre que diferenças e, com isso, coloca todas as diferenças no mesmo saco. Não preciso enfatizar o quanto acho isso perigoso, pois é muito diferente estar convivendo com um bandido, com uma pessoa sem caráter e desleal, ou com alguém que gosta de acordar cedo quando nós gostamos mais de dormir até tarde. Há diferenças e diferenças e colocá-las todas juntas é estimular a idéia de que não devemos levá-las em conta, já que terão que existir e teremos que trabalhar muito - ainda que no contexto das relações tediosas - para que consigamos ter algum tipo de afetividade pela pessoa por quem antes tínhamos paixão.

Ela fala que, na paixão, amamos mesmo é o estado que o encantamento pelo outro provoca em nós. É verdade. Diz que não amamos a outra pessoa e que amamos mesmo é o amor! Este é mais um capítulo do discurso oficial, tradicional e vazio. Amamos uma determinada pessoa porque ela provoca em nós uma série de sentimentos e sensações e isso é o que venho afirmando há décadas. Amo aquela pessoa cuja presença provoca em mim a sensação de aconchego, de paz e de bem-estar que eu perdi no momento do nascimento. Amo a pessoa porque ela é capaz de provocar em mim emoções muito agradáveis. É mais que lógico que seja assim. O trágico é que muitas pessoas, depois de encantadas, continuam a amar a pessoa, apesar dela provocar dor, humilhações e todo o tipo de insegurança e desconforto. Isso não é mais amor e sim uma dependência mórbida que está desconsiderando os fatos e que torna tantas pessoas reféns de parceiros que não valem a pena. Aí as pessoas falam coisas do tipo: ele é péssimo, mas eu o amo! Isso é que não faz o menor sentido. Temos mesmo que amar a pessoa que nos faz feliz, que provoca em nós grandes e prazerosas sensações.

Enfim, eu que pensava que não haveria necessidade de escrever mais nada a respeito do amor, decidi, em virtude deste fato e de tantas observações que tenho lido no meu site a respeito da sexualidade (além das consultas on-line onde, é claro, os assuntos relacionados com namoros e casamentos desastrosos predominam largamente), tratar de escrever mais sobre o amor, sobre os caminhos que levam à felicidade sentimental. Não é para já porque outros compromissos e projetos em andamento me exigem muito tempo. Mas acho que em 2007 lançarei um texto bem simples e direto que trate de desfazer todos esses mal-entendidos.

Quero muito reafirmar mais uma vez que a paixão corresponde a um encantamento de ótima qualidade entre pessoas parecidas que vivenciam este encontro com muito medo. O medo é parte da paixão e dá a ela o caráter aflitivo e tenso que pode se assemelhar ao vício. Quando o medo se atenua, a relação continua a manter todo o vigor e todo o encantamento próprio das relações baseadas na confiança recíproca, numa intimidade totalmente compartilhada e num clima erótico legal. O medo não é outro senão uma manifestação do que chamo de fator antiamor, presente em todos nós, que está principalmente relacionado com o medo da felicidade. Este é o maior obstáculo à realização amorosa. Como todo medo, só pode ser tratado de uma forma: enfrentando-o com consciência, coragem, determinação e persistência.

Texto de Flávio Gikovate que é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.

Não se deixe despedaçar por causa de uma relação!

Estranho pensar num processo de despedaçamento da gente mesma, não é? Ainda mais quando esse processo se inicia em função de um sentimento que tem o intuito divino de juntar... Mas é justamente ao ato de se deixar desintegrar e se misturar ao outro que estou me referindo, porque essa decisão - geralmente tomada inconscientemente - é muito mais comum do que supomos.

Muitas vezes, quando entramos num relacionamento e passamos a enxergá-lo como “a razão” de toda a nossa felicidade; quando nos sentimos perdidamente apaixonados (no sentido literal da palavra) e apostamos todas as nossas fichas na possibilidade de estendermos ao máximo essa sensação que preenche os nossos dias, corremos o sério risco de não sabermos mais onde termina o outro e onde começamos nós.

Ou seja, na intenção de nos tornarmos parte da vida do outro, perdemos a noção do que é parte essencial nossa - seja qualidade ou defeito - e passamos a considerar o outro como o “centro” e a “causa” de tudo de bom (e também de ruim) que sentimos.

Assim, perdemos a preciosa oportunidade que o amor deveria nos proporcionar. Perdemos a chance de olhar para nós mesmos através do outro, mas tendo plena consciência de que a pessoa amada é, em última análise, a projeção de um amor que existe primeiro dentro de nós mesmos.

Porque amar outra pessoa e se permitir experimentar a intimidade é, acima de tudo, um convite à descoberta do que há de mais valioso em nossa própria essência. No entanto, quando acreditamos - equivocadamente - que o que vivemos é mérito ou “culpa” do outro, permitimos que essa relação comece a nos despedaçar.

Começamos a nos tornar emocionalmente como pedaços, partes desintegradas de nós mesmos; e, assim, já não nos reconhecemos mais. Não conseguimos mais ter a exata dimensão de até onde podemos ou queremos ir. E nessa simbiose destrutiva, passamos a atuar em função do outro. Inevitavelmente sofremos, porque perdemos a única referência realmente válida: nosso próprio coração.

Se você se sente confusa e dolorosamente misturada à pessoa amada, sugiro que você comece a retomar o seu próprio centro. Isto é, concentrar-se em si mesma, em seus mais genuínos e pessoais sentimentos, a despeito do que o outro possa fazer diante deste resgate. Além disso, em princípio o objetivo nem é expressar tais sentimentos, mas apenas e tão somente reconhecê-los, aceitá-los e acolhê-los.

Depois, mais consciente de si mesmo, creio que seja o momento de começar a se fazer presente, de fato, nesta relação. Somente assim, você poderá compreender a exata dimensão dos acontecimentos, dos sentimentos e das razões que fazem com que você esteja ao lado dessa pessoa.

Reconhecer-se é ponto primordial e absolutamente fundamental para tornar construtiva e produtiva uma relação de amor. Caso contrário, você estará despedaçando-se dia após dia, literalmente se desfazendo em pedaços que perdem o sentido, que não complementam, que não justificam uma união. E, assim, deixa de ser pleno, de ser íntegro e, sobretudo, amante.

Porque amante é aquele que toma atitudes e faz escolhas... e pedaços não são suficientes. Amantes são inteiros que, humilde e sabiamente, emprestam-se como “metades” para dar vida ao amor do outro, mas sem nunca se misturar e se perder... Porque o amor é sempre um encontro, sem nunca ter saído à procura... um encontro singular de você consigo mesma, através da troca recíproca de dois corações transbordados de amor...

(Rosana Braga)

A maneira como vemos as coisas...

Estamos, por uma questão cultural - a do sofrimento - condicionados a sentir ou a perceber na experiência humana, mais dor do que amor. No entanto, o predomínio do sofrimento não seria uma decorrência do desconhecimento em relação ao significado profundo do amor?

Meu amigo é um bipolar de nível três, considerado pela psiquiatria como o grau mais alto da bipolaridade que é um transtorno de humor que oscila entre a fase depressiva e a fase eufórica. Ele ingere, diariamente, um coquetel de comprimidos para manter-se razoavelmente equilibrado e não surtar.

Na sua primeira crise, que exigiu internação e início de tratamento químico, ele tinha 41 anos. Passados 14 anos, a sua vida transformou-se significativamente. Não no sentido da perda como estamos, convencionalmente, acostumados a avaliar. Mas no sentido das aprendizagens adquiridas pela própria experiência, pois o diagnóstico de bipolaridade não é um atestado de sofrimento ou de incapacitação.

A sua vida mudou... é evidente! Aposentou-se prematuramente, "perdeu" muitos amigos que se afastaram e ainda teve que adaptar-se a uma nova fase em que foi forçado a administrá-la da melhor maneira possível.

No entanto, apesar do "infortúnio", das vicissitudes e do inevitável envolvimento familiar de esposa e filhos em seu drama pessoal, avalia que hoje a sua família encontra-se mais unida do que antes, porque souberam crescer com a própria experiência e aprenderam que, com o exercício do amor incondicional, podem superar obstáculos antes considerados intransponíveis.

Infortúnio, desgraça, azar... destino? Não, absolutamente, porque a vida é uma consequência de outras vidas associada às experiências atuais de peso, como os efeitos da educação transmitida na infância pelos responsáveis diretos e a liberdade de escolha proporcionada pelo livre arbítrio.

Conformismo com o sofrimento, acomodação? Não, e sim... resignação é o que tenho observado, pois o conceito de sofrimento é muito relativo se considerarmos a afirmação anterior de que a vida não é uma sequência de acontecimentos imprevisíveis e, portanto, alienados pelo fato de não sermos sujeitos da nossa própria história.

Meu amigo possui o seu sistema próprio de valores e de crenças. De nada adiantaria "forçar" uma regressão para tentar encontrar a sintonia de seu problema atual, até porque ele encontra-se em franco crescimento espiritual com a experiência bipolar. E esta sintonia na energia do amor é infinitamente superior a qualquer intervenção no sentido terapêutico.

Sou o seu terapeuta informal em que ele transfere (transferência positiva...) a confiança que não encontrou no pai ausente ou em outra figura masculina referencial de sua infância. Contudo, procuro separar as funções, ou seja, até onde vai a sólida amizade de três décadas e até onde vai a função de terapeuta informal.

O transtorno de humor bipolar, segundo o livro "Porque adoecemos - Princípio para a Medicina da Alma", é uma desarmonia comprometedora do corpo mental inferior e que depende da gravidade do desrespeito aos soberanos códigos das leis divinas. O corpo mental inferior, conforme esse livro, "se expressaria através do pensamento concreto, onde a imaginação é muito pouco solicitada. O valor das coisas dá-se pelo seu conteúdo puramente material. Uma flor é uma flor e nada mais".

E continua: "A mente é o espírito trabalhando no corpo mental inferior. É dito assim, porque o homem comum, que compõe a grande maioria da humanidade, usa muito pouco os atributos do corpo mental superior. O seu interesse, quase sempre, não vai além de sua própria pessoa, estando, especialmente, ligado aos desejos do sexo e da alimentação. Alimentar-se, para ficar forte e não adoecer; ganhar dinheiro, para possuir as coisas que lhe dão prazer; e ser bonito, para conquistar. Tudo ligado ao imediatismo da existência. Pensamento pobre e muito concreto. As abstrações da existência não são ainda percebidas. É o caso do plantador de tomates e do de flores. O primeiro planta para manter a existência, o que lhe é necessário. Mas o segundo é quem embeleza a vida, busca o essencial".

E conclui: "O corpo mental inferior tem várias propriedades extremamente importantes para o desenvolvimento do potencial divino do espírito. Há a necessidade do aprendizado vindo de fora, através dos sentidos. Esses conhecimentos formam a ante-sala do real conhecimento para expressar-se. Há que se formar um campo, um repertório, um ambiente, no qual a essência divina possa fazer-se presente, apossando-se do patrimônio herdado do Divino construtor".

A patologia mental sob o ponto de vista espiritual pode ser chamada de prova ou testagem. Podemos procurar ajuda através de recursos disponíveis como o tratamento químico, a psicoterapia e a regressão, ou mesmo a opção religiosa. No entanto, acima de quaisquer conceito ou auxílio que venha a somar em benefício do paciente, a experiência sempre será única e exclusivamente pessoal. É através dela que chegaremos a um nível de crescimento através do amor vivenciado pelas lições conscientemente assimiladas, ou permaneceremos, indefinidamente, na situação de vítima e na sintonia do sofrimento que não leva a nenhum tipo de crescimento, seja de nível pessoal ou espiritual.

No final de uma experiência traumatizante sob o ponto de vista psicológico, dependendo do "olhar", poderemos encará-la como sofrida e nos conformarmos. Mas poderemos também, resignados, avaliá-la como resultante de um processo de aprendizagens necessárias baseado na oportunidade oferecida pelo amor incondicional que está na essência da criação divina.

Tudo é uma questão de olharmos (ou não...) para dentro de nós mesmos!

Texto de Flávio Bastos: Psicanalista Clínico de Orientação Reencarnacionista.
www.flaviobastos.com

O Buda de Ouro



No outono de 1988, minha esposa Georgia e eu fomos convidados a fazer uma palestra sobre auto-estima e desempenho máximo numa conferencia em Hong Kong. Como nunca havíamos estado no Extremo Oriente, decidimos estender nossa viagem e visitar a Tailândia.

Ao chegarmos a Bangkok, resolvemos fazer uma visita aos mais famosos templos budistas da cidade. Naquele dia, juntamente com nosso intérprete e motorista, eu e Georgia visitamos vários templos budistas, mas, depois de algum tempo, todos eles começaram a se confundir em nossa memória.

No entanto, um dos templos deixou uma indelével impressão em nossos corações e mentes. Chama-se o "Templo do Buda de Ouro". O templo em si é muito pequeno, provavelmente não mais de que 10 x 10 metros. Mas, ao entrarmos, ficamos atordoados com a presença de um Buda de ouro maciço de 3,5 metros de altura. Ele pesa mais de duas toneladas e meio, e está avaliado em aproximadamente cento e noventa e seis milhões de dólares! Foi uma visão extremamente impressionante - o Buda de ouro maciço, gentil e bondoso, embora imponente, sorrindo para nós. Enquanto estávamos envolvidos com as atividades normais dos turistas (tirar fotografias e fazer exclamações de admiração diante da estátua), caminhei até uma vitrine que continha um grande pedaço de barro com cerca de oito polegadas de espessura por doze polegadas de largura. Ao lado da vitrine havia uma página datilografada descrevendo a história desta magnífica peça de arte.

Nos idos de 1957, um grupo de monges de um monastério precisava transferir um Buda de barro de seu templo para um novo local. O monastério teria que ser transferido para ceder espaço à construção de uma auto-estrada que atravessaria Bangkok. Quando o guindaste começou a sustentar o ídolo gigantesco, seu peso era tamanho que ele começou a rachar. E, como se isso não bastasse, começou a chover.

O monge superior, que estava preocupado com os danos que pudessem ocorrer ao Buda sagrado, resolveu devolver a estátua ao chão e cobri-la com um grande encerado de lona para protegê-la da chuva.

Mais tarde, naquela noite, o monge foi verificar como estava o Buda. Acendeu sua lanterna sob o encerado para ver se o Buda continuava seco. Conforme a luz incidiu sobre a rachadura, o monge notou um pequeno brilho e achou estranho. Ao olhar mais de perto o reflexo da luz, perguntou-se se poderia haver algo sob o barro. Foi buscar um cinzel e um martelo no monastério e começou a retirar o barro. À medida que derrubava fragmentos de barro, o pequeno brilho se tornava maior e mais forte. Muitas horas de trabalho se passaram até que o monge se deparou com o extraordinário Buda de ouro maciço.

Os historiadores acreditam que algumas centenas de anos antes da descoberta do monge, o exército dos birmaneses estava prestes a invadir a Tailândia (chamada então de Sião). Os monges siameses, percebendo que seu país seria logo atacado, cobriram seu precioso Buda de ouro com uma camada externa de barro, a fim de evitar que seu tesouro fosse roubado pelos birmaneses. Infelizmente, parece que os birmaneses massacraram todos os monges siameses, e o bem guardado segredo do Buda de ouro permaneceu intacto até aquele fatídico dia em 1957.

Voltando para casa no avião da Cathay Pacific Airlines, pensei comigo mesmo: "Somos todos como o Buda de barro, recobertos por uma concha de resistência criada pelo medo e ainda assim, dentro de cada um de nós, há um 'Buda de ouro', um 'Cristo de ouro' ou uma 'essência de ouro', que é o nosso eu verdadeiro. Em algum lugar ao longo do caminho, entre a idade de dois e nove anos, começamos a encobrir nossa 'essência de ouro', nosso eu natural. E, assim como o monge, com o martelo e o cinzel, nossa tarefa agora é descobrir mais uma vez a nossa verdadeira essência."

Jack Canfield
Do livro: Canja de Galinha para a Alma
Jack Canfield & Mark Victor Hansen

O Almiscareiro do Himalaia



O almíscar é uma substância valiosa, extremamente aromática, contida em uma bolsa sob a pele do abdômen do almiscareiro macho, que habita os elevados picos do Himalaia.

Quando o almiscareiro alcança certa idade, o odor penetrante do almíscar começa a exalar dessa bolsa. O almiscareiro, então, fica excitado com o aroma delicioso e passa a pular para lá e para cá, farejando sob as árvores e furnas, buscando em toda parte - às vezes por muitas semanas - a fonte da persistente fragrância.

Incapaz de localizar o perfume tantalizante, ele se torna extremamente inquieto e, em seguida, irritado. Em sua agitação e num esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enlouquecedora, sabe-se de casos em que o almiscareiro acaba saltando dos altos picos alcantilados e caindo para a morte no vale que se estende abaixo. Os caçadores, assim, achando os cadáveres, cortam a almejada bolsa de almíscar.

Um bardo iluminado cantou certa vez:
"Ó tolo almiscareiro... Buscaste a fragrância em toda parte, exceto em teu próprio corpo. Eis porque não a encontraste. Se pelo menos tivesses voltado tua busca para ti mesmo, terias encontrado o almíscar almejado e terias salvo a ti mesmo da morte sobre as rochas abaixo das montanhas."

A maior parte das pessoas comporta-se como o almiscareiro. Buscam a felicidade elusiva, sempre fragrante, por toda parte, fora delas próprias: nos divertimentos, nas tentações, no amor humano e nos caminhos escorregadios da riqueza e da fama.

E quando, finalmente, não podem achar a verdadeira felicidade, cuja fonte jaz oculta nos recônditos secretos de suas próprias almas, pulam dos picos alcantilados das esperanças elevadas e despedaçam-se nas pedras da desilusão.

Ó tolo almiscareiro humano... Se pelo menos voltasses tua mente para dentro, na meditação diária profunda, acharias a fonte de toda verdadeira e duradoura felicidade no silêncio mais recôndito de tua própria alma.
Bem-amado que estás à procura da felicidade: não sejas como o almiscareiro, perecendo na vã busca exterior.
Desperta!

E, na caverna da meditação profunda, encontra a felicidade eterna dentro de teu imortal Ser.

Texto: Paramahansa Yogananda

Obra de arte

Quando nascemos, recebemos os recursos que necessitamos para trabalhar nosso aprimoramento.

Perguntado sobre como era criar uma obra de arte, Michelangelo respondeu:

‘Dentro da pedra já existe uma obra de arte. Eu apenas tiro o excesso de mármore... ’

Dentro de nós já existe uma linda obra de arte...

Cabe a nós transformar as ilusões que cobrem o nosso Ser.

Tornamos-nos a pessoa que queremos Ser...

A cada momento podemos decidir se permanecemos do mesmo jeito ou aprimoramos.

O grande mérito do ser humano é poder participar de sua Revelação...

(Roberto Shinyashiki)